A principal impressão que retive do debate de hoje, foi a confirmação de que Paulo Rangel revela uma impreparação para debates a dois, que não deixa de ser surpreendente, se tivermos em conta as capacidades oratórias e fluidez de raciocínio de que já deu bastas provas, quer como tribuno, quer como candidato em plena campanha eleitoral. Ficou a ideia de que terá sido surpreendido em ambos os debates, no primeiro pela assertividade de Passos Coelho e no segundo pela agressividade de Aguiar Branco. Em nenhum dos debates foi capaz de marcar o ritmo, deixando antes levar-se ao sabor das conveniências dos seus opositores, mais reactivo do que pro-activo. Além do mais, quase sempre frouxo, ou se se quiser, demasiado complacente e revelando até alguma bonomia com alguns golpes menos elegantes desferidos pelos seus interlocutores.
Fica ainda a ideia de que não consegue explanar em debates as linhas mestras de orientação das ideias que defende, o que só beneficia quem o defronta, já que à ausência de ideias dos seus opositores, não consegue contrapor as linhas programáticas fortes que tem apresentado noutras circunstâncias. Bem sei, que não são 50 minutos em televisão, o espaço mais indicado para o fazer, mas a dificuldade é tanto maior quando maior for o grau de improviso.
Por fim, mais uma nota pouco simpática: fica-lhe mal a demarcação que tem vindo a fazer relativamente à estratégia eleitoral da actual direcção do PSD. Além de permitir adensar juízos sobre lealdade ou falta dela, não parece ser muito inteligente sob o ponto de vista meramente táctico, já que se arrisca a perder grande parte do capital de simpatia de que ainda dispõe junto dos apoiantes de Manuela Ferreira Leite, sem o ganhar daqueles que há muito definiram o seu voto, mesmo antes de se iniciar a corrida à liderança.