Escrever o que me der na real gana, sempre com a máxima parcialidade, sem ter que dar satisfações a ninguém, é o objectivo deste blogue. Não Gostam? Têm bom remédio...
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quarta-feira, 3 de março de 2010

Jornalistas acéfalos ou filhos de uma grandessíssima meretriz?

 
Não resisto a transcrever na íntegra este post do Vasco Lobo Xavier, publicado hoje no Mar Salgado:

"A GRANDEZA DO ENTREVISTADO PERANTE ENTREVISTADORES INFERIORES:

Na Única, revista do Expresso de 27 de Fevereiro, uns tais de Christiana Martins e Manuel Tinoco entrevistam Abel Andrade, Advogado, anão. O entrevistado é de enorme categoria, bem como as suas respostas que revelam ser de uma pessoa extraordinária, oriunda de uma família corajosa e cooperante. Quaisquer que tenham sido as dificuldades pelas quais tenham passado na vida, elas foram vencidas com tenacidade e força de vontade.

Já os entrevistadores, por três vezes sugeriram o aborto. A primeira, possivelmente a mais cruel ("a sua mãe sabia, antes de você nascer, que seria anão?"). A segunda, igualmente imbecil ("se soubesse de antemão que o seu filho seria anão, que faria?") e a terceira, certamente por julgarem que, perante as respostas lúcidas, ainda não tinham sido compreendidos os seus propósitos, a mais directa ("não optava por abortar?"). Esta última mereceu do entrevistado a resposta óbvia: "não, ele respiraria, seria autónomo".

Na cabecinha enviesada daqueles infelizes entrevistadores certamente não passou a enorme ofensa das suas perguntas. E seguramente não têm consciência de que revelam que, com eles, não existiriam anões no planeta pois seriam todos vítimas de aborto. Na Alemanha nazi também havia imensa gente que pensava assim, era o apuramento da raça. Raça de gente..."

Só me ocorre perguntar: se os pais destes dois "jornalistas" soubessem que iam ter filhos deste calibre, teriam levado as respectivas gravidezes até ao fim?

segunda-feira, 1 de março de 2010

Títulos idiotas - 1.

"Adeus ao título com humilhação"

Humilhação? É certo que se ouviram alguns "olés", aliás merecidos, e que mais não foram do que a retribuição daquilo que se tinha ouvido no Dragão há cerca de um mês. Mas daí a qualificar uma mera derrota como "humilhação", vai uma certa distância, não? 

E falar em "adeus ao título", parece também um pouco precipitado, quando o Benfica ainda tem que jogar com o Porto, Sporting e Braga. A ver vamos. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O antigo capitão do Sporting também vai ser ouvido?

Manuel Fernandes e Mário Crespo falam hoje no Parlamento


Ah, espera lá, parece que não. O tal Manuel Fernandes, é afinal o antigo director do Público, José Manuel Fernandes. Para a jornalista Catarina Madeira, tanto faz. Já agora, José Fernandes não era mal pensado. Pelo menos evitava que eu pensasse que o "Grande Manel de Sarilhos Pequenos", andava metido nestes sarilhos grandes.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Tanto barulho por quase nada, ou manual prático de encher chouriços.

Lida de fio a pavio a edição impressa do Sol de hoje, tenho dificuldade em perceber todo o estardalhaço que se fez à volta da sua publicação, com todas as peripécias conhecidas. Nada do que é hoje publicado acrescenta algo ao que já tinha sido denunciado na edição da semana passada, excepção feita ao relato das escutas entre Armando Vara e Joaquim Oliveira, em que este tranquiliza o amigo revelando-lhe que já dera instruções a João Marcelino para que o DN não levantasse grandes ondas a propósito do negócio da TVI.

Feito o balanço de todo este enredo, duas conclusões:

1ª Rui Pedro Soares só pode ser mesmo um "bói de muito fraquinho discernimento", para provocar toda esta algazarra, quando o que estava em causa era quase zero;

2ª A campanha de marketing do Sol seria óptima, se sustentada num produto capaz de satisfazer as expectativas de quem foi no "engodo". Não foi o caso, e por isso, se hoje esgotou a edição da manhã num ápice, pode ter sido um bom balão de oxigénio para equilibrar as contas da casa, mas desconfio que não tenha passado disso mesmo.


Eu consegui um exemplar, e estou disposto a vendê-lo a Rui Pedro Soares. É tudo uma questão de números.

O polvo unido acabará por ser vencido.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Plagiar títulos de colunas e de programas é de mau tom para toda a gente? Antes pelo contrário.

Pelos vistos, já se pode surripiar nomes de programas para dá-los a colunas de opinião, sem que isso seja considerado, no mínimo, deselegante.

E como lembra o Filipe Nunes Vicente, "Antes Pelo Contrário" era, se bem me lembro, o título de uma coluna assinada por Paulo Portas no Independente.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

E Maria João Avillez fica desde já avisada.

Depois de Mário Crespo, o aviso fica feito. E cuidado, que os avisos destes senhores, são para levar a sério.

Mário Crespo estava mesmo a pedi-las...Ai estava estava.

O Fim da Linha

Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.

Depois disto e disto, de que é que o Mário Crespo estava à espera?
 
Adenda: Mário Crespo e a sua versão dos acontecimentos, e uma nota da Direcção do JN:


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Para os idiotas úteis e outros "serventuários do poder".

Ainda a propósito dos "Mártires de Opinião"...

João Miguel Tavares, escreve hoje na sua crónica habitual no DN:

O barrete de Pedro Marques Lopes 

"Há dez dias, Pedro Marques Lopes escreveu um texto no DN intitulado "Mártires da opinião" onde se atirava àqueles que nos jornais, rádios e televisões advogam para si uma espécie de "princípio da inimputabilidade" - gente, no seu entender, que se permite dizer tudo o que vem às suas desmioladas cabeças e "acusar qualquer cidadão dos mais terríveis e sórdidos crimes" sem se preocupar com a consequência das palavras ou em fazer prova das suas afirmações.
O artigo estava elaborado naquele tom toca e foge que Marques Lopes parece apreciar, e que consiste em não apontar o dedo directamente a ninguém mas deixar pistas suficientes para os visados poderem enfiar o clássico "barrete". Pedro Lomba enfiou (seria uma extraordinária coincidência que a frase "E ai do director que resolva prescindir dos meus serviços. De certeza absoluta que foi por eu ter ameaçado os poderes estabelecidos" fosse dirigida a outra pessoa). E eu também enfio, porque sempre é preferível enfiarmos os nossos próprios barretes do que andar a enfiá-los aos outros. Se não se importam, fico com aquela parte em que Marques Lopes fala do trafulha que insulta para sair da "obscuridade" e fazer crescer a "cotação no mercado dos media". É um dos meus excertos favoritos.
Eu poderia desaconselhar o seriíssimo colunista de usar a estratégia da enguia (aqui uma descargazinha eléctrica, ali uma escapadela por entre as mãos), mas Pedro Marques Lopes não vai com certeza mudar a sua natureza, nem eu pretendo modificar a minha. Aliás, há gente que muito prezo - como Fernanda Câncio - que já saiu em sua defesa e que acha sinceramente que anda por aí muito excesso jornalístico e opinativo. Só que eu, excessivo como sou, olho à minha volta e aquilo que continuo a ver - será dos óculos? - é uma sociedade amedrontada. A sociedade do velho "respeitinho", do "olha que vais arranjar chatices", moldada ao longo de décadas de ditadura.
Por baixo de toda aquela prosa, Marques Lopes está apenas a dizer uma coisa: José Sócrates tem sido violenta e injustamente atacado por um bando de colunistas desvairados. Não quero estar a voltar à vaca fria nem a sublinhar o quanto o primeiro-ministro - e as mais altas instâncias da Justiça, já agora - tem falhado nos seus deveres de justificação e transparência. Mas alguém olhar para este país, onde um funcionário público para falar com um jornalista precisa da autorização do chefe, onde um telejornal é silenciado, onde a parede que deveria separar a magistratura do Governo tem mais buracos do que um queijo suíço, e dizer "hum, há por aí uns tipos com umas opiniões muito irresponsáveis", não é só uma parvoíce. É o que explica em boa parte a mediocridade política e moral em que vivemos."

Relembre-se que JMT foi alvo de um processo judicial, movido por Sócrates, por alegada difamação, processo esse arquivado por ordem do Ministério Público, considerando que se tratava de  "uma manifestação legítima de uma opinião".

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Quando se mistura a chico-espertice com má-fé e se acrescenta uma dose de cinismo.


Vale a pena aprender com a Sra. D. Fernanda Câncio.

Deixo aqui o comentário que deixei lá, que calculo venha a ser censurado:

"Coitado do Pedro Lomba, que lá terá que vir fazer um desenho para ver se a Fernanda percebeu, quer a crónica do "paineleiro" PML, quer a consequente resposta do "cronista" PL.

Só para a Fernanda, por incapacidade de entendimento ou pura má-fé, não terá ficado claro naquela execrável crónica do DN, que a referência ao "director de órgão de  comunicação que resolva prescindir dos serviços de um colunista", tinha um destinatário bem preciso. Há sempre a hipótese de a Fernanda ter tido uma amnésia súbita e ter-se esquecido do afastamento mal explicado do Pedro Lomba do Diário Económico.

A cobardia do PML e desonestidade intelectual, está justamente na alusão a uma série de comportamentos não atribuíveis a Pedro Lomba e no remate da crónica, que feito daquela forma, permite tudo, inclusivé sugerir que Pedro Lomba é um "criminoso".

Dito isto, este seu post, é de uma infelicidade confrangedora, nada de novo aliás.

Como é evidente, o mais provável é este meu comentário ser censurado."


PS: contrariando a previsão que fiz, a minha resposta foi publicada. Valeu a pena o choradinho.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Mário Crespo em grande, mais uma vez.

O palhaço, por Mário Crespo, aqui:

"O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço."

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

De idiota útil a escroque.


Já aqui escrevi sobre este paineleiro/comentadeiro, pensando que o rapaz tinha limites para a sabugice. Pelos vistos enganei-me, já que desta vez, numa crónica assinada no Diário do Regime, Pedro Marques Lopes resolve mostrar a sua faceta mais abjecta, fazendo o servicinho como deve ser para agradar ao chefe. Vai daí, e cobardemente, sem identificar o visado - Pedro Lomba - resolve justificar o afastamento deste do Diário Económico, da forma que podem ler na referida crónica.

Como seria de esperar, teve fortes aplausos aquiaqui e aqui. Entre Passos Coelhistas e Socretinos, a unanimidade esperada. Este rapaz vai longe.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Descubra as diferenças.




Não parecem edições do mesmo dia, pois não? Mas são. Para descobrirmos no jornal A Bola, onde está o "destaque" da derrota do Benfica com o Vitória de Guimarães, temos que fazer um exercício do género "Onde está o Wally"? Jornalismo desportivo no seu melhor.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Uma questão de honra - Por Mário Crespo.


Não resisto a copiar para aqui, na íntegra, uma crónica de Mário Crespo no JN. Pelo seu teor, imagino que, mais dia, menos dia, Mário Crespo seja corrido pelo "amigo Joaquim". É só um palpite.


"Mark Felt foi um daqueles príncipes que o sólido ensino superior norte-americano produz com saudável regularidade. Tinha uma licenciatura em Direito de Georgetown e chegou a ser uma alta patente da marinha dos Estados Unidos. Com este formidável equipamento académico desempenhou missões complexas no Pentágono e na CIA.
Durante a guerra do Vietname serviu no Conselho Nacional de Segurança de Henry Kissinger. Acabou como Director Adjunto do equivalente americano à nossa Polícia Judiciária. Durante vários anos foi Director Geral interino do FBI. Foi nesse período que Mark Felt se tornou no Garganta Funda. Muito se tem escrito sobre as motivações de um alto funcionário do aparelho judiciário americano na quebra do segredo de justiça no Watergate. Todo o curriculum de Felt impunha-lhe, instintivamente, a orientação clássica de manter reserva total sobre assuntos do Estado. Hoje é consensual que Mark Felt só pode ter denunciado a traição presidencial de Nixon por uma razão. Para ele, militar e jurista, acabar com o saque da democracia americana era uma questão de honra. Pôr fim a uma presidência corrupta e totalitária era um imperativo constitucional. Felt começou a orientar em segredo os repórteres do Washington Post quando constatou que todo o aparelho de estado americano tinha sido capturado na teia tecida pela Casa Branca de Nixon e que, com as provas a serem destruídas, os assaltos ao multipartidarismo ficariam impunes. A única saída era delegar poder na opinião pública para forçar os vários ramos executivos a cumprir as suas obrigações constitucionais. Estamos a viver em Portugal momentos equiparáveis. Em tudo. Se os mecanismos judiciais ficarem entregues a si próprios, entre pulsões absurdamente garantisticas, infinitas possibilidades dilatórias que se acomodam nos seus meandros e as patéticas lutas de galos, os elementos de prova desaparecem ou são esquecidos. Os delitos ficam impunes e uma classe de prevaricadores calculistas perpetua-se no poder. Face a isto, há quem no sistema judicial esteja consciente destas falhas do Estado e, por uma questão de honra e dever, esteja a fazer chegar à opinião pública elementos concretos e sólidos sobre aquilo que, até aqui, só se sussurrava em surdinas cúmplices. E assim sabe-se o que dizem as escutas e o que dizem as gravações feitas com câmaras ocultas que registam pedidos de subornos colossais. Ficámos a conhecer as estratégias para amordaçar liberdades de informação com dinheiro do Estado. E sabemos tudo isto porque, felizmente, há gente de honra que o dá a conhecer. Por isso, eu confio no Procurador que mandou investigar as conversas de Vara com quem quer que fosse. Fê-lo porque achou que nelas haveria matéria de importância nacional. E há. Confio no Juiz que autorizou as escutas quando detectou indícios de que entre os contactos de Vara havia faces até aqui ocultas com comportamentos intoleráveis. E, infelizmente o digo, confio, sobretudo, em quem com toda a dignidade democrática e grande risco pessoal, tem tomado a difícil decisão de trazer ao conhecimento público indícios de infâmias que, de outro modo, ficariam impunes. A luta que empreenderam, pela rectificação de um sistema que a corrupção e o medo incapacitaram, é muito perigosa. Desejo-lhes boa sorte. Nesta fase, travam a batalha fundamental para a sobrevivência da democracia em Portugal. Têm que continuar a lutar. Até que a oposição cumpra o seu dever e faça cair este governo"

 Mário Crespo in JN de 16-11-2009.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pagamento em espécie.


O "amigo Joaquim" não esquece as suas obrigações.