Quem tenha passado a noite de Ano Novo com a televisão ligada, como foi o meu caso, terá reparado na pinderiquice dos programas com nos brindaram as três televisões generalistas. Na RTP 1, passava uma qualquer gala, em que era possível ver a apresentadora Catarina Furtado numa excitação tremenda, a avaliar pelo nível dos decibéis da sua voz, e que teve o seu momento alto quando a apresentadora resolveu enviar beijinhos para a sua família, como se de um concorrente daqueles concursos tolos se tratasse. Na SIC, outra gala, com uma série de jovens candidatos a estrelas, em que supostamente as respectivas qualidades vocais deveriam ser o passaporte para a fama. Fiquei sem perceber, e não estou a ser irónico, se o programa de ontem era no gozo ou não, dado o nível dos participantes, que cantavam tão bem como eu quando mudei de voz aos 12 anos. Na TVI, a sempre sóbria Júlia Pinheiro devidamente acolitada pelo discreto Manuel Luís, conduziam outra gala, em que uma série de criancinhas iam tentando mostrar as respectivas habilidades, na esperança de se tornarem estrelinhas, com os respectivos progenitores na assistência, revelando aquela ânsia de quem apostava uma parte significativa da sua existência no momento em que os respectivos rebentos subiam ao palco.
Há uns anos, lembro-me de programas especiais de Ano Novo, conduzidos pelo Herman, e mais recentemente pelos Gatos Fedorentos, que nos divertiam e que tinham sempre um lote de convidados que davam alguma grandiosidade aos espectáculos com que se iniciava um novo ano.
O que se viu esta noite, deve ser um presságio do ano que agora começa: racionalizar meios e cortar nos custos de forma drástica para enfrentar a crise. Já não é mau, se o resto do país seguir o exemplo.
Já agora, UM ÓPTIMO 2010 para todos.