Num exercício de auto-flagelação, que por razões insondáveis imponho a mim mesmo, tenho o infeliz hábito de ligar o rádio de manhã quando estou no escritório, sintonizando a TSF à hora a que decorre o respectivo Fórum. Ouvindo com atenção os participantes, ficamos com uma ideia bastante razoável da encruzilhada em que o país se encontra, não tanto pela lúcida interpretação dos temas inquietantes propostos, mas mais pelas soluções propostas para a sua resolução. O rol de insanidades que para ali se ouve, se for uma amostra minimamente fidedigna da forma de pensar da maioria dos portugueses, e eu temo que sim, então talvez esteja em parte explicado o atraso a que parece estarmos condenados.
Todos os dias digo a mim mesmo, que nunca mais sintonizo a TSF entre as 10h e o meio-dia, mas guiado por uma qualquer compulsão, lá acabo por exercitar diariamente a minha veia masoquista.
Não resisto a partilhar uma das intervenções de hoje, a propósito do tema proposto: o combate à pobreza.
De Carcavelos, um administrativo de apelido Roquette, propunha aquela que na sua óptica, seria a forma mais eficaz de combater a pobreza e as desigualdades:
- entregar a gestão dos dinheiros da Segurança Social aos sindicatos, visto serem os sindicalistas as pessoas mais bem preparadas para distribuir de forma justa as receitas arrecadadas pelo Estado.
Propostas como esta nunca tinha ouvido, mas não me custa nada a crer que colherá muitas simpatias entre os participantes nos vários fóruns que preenchem a programação de várias rádios e televisões diariamente.
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